Contrastando com a Índia, sem regulação sobre o tema, e se aproximando da União Europeia, que conta com um aparato regulatório robusto, o Brasil escolheu se preparar para o uso incrementado da inteligência artificial nas eleições ao editar norma eleitoral dedicada ao tema. Por aqui, a edição dessas resoluções implicou a judicialização de múltiplos episódios sobre o tema.

A União Europeia é reconhecida pelo seu pioneirismo quando se trata de legislar sobre assuntos digitais. O Regulamento Geral sobre Proteção de Dados Digitais (2016), o par formado pelo Regulamento de Serviços Digitais e Regulamento de Mercados Digitais (2022) e o Regulamento sobre Inteligência Artificial da UE (2024) são apenas alguns exemplos na malha regulatória da União Europeia que repercutem na intersecção entre eleições e inteligência artifical. Será que a profusão regulatória foi suficiente para deter a desinformação gerada por IA nas últimas eleições europeias?

A Inteligência Artificial provou ser uma ferramenta eficaz no campo da guerra de informações. Por um lado, ela fornece ferramentas robustas para análise de dados e compreensão da dinâmica do fluxo de informações. Por outro lado, facilita a produção e a disseminação de desinformação para manipular as percepções do público. A invasão russa na Ucrânia chamou a atenção para as vantagens da inteligência artificial, bem como para suas desvantagens.

Diferentemente da desinformação, que geralmente é disseminada de forma não intencional, a desinformação é caracterizada por sua intenção proposital de enganar. Normalmente, ela envolve um plano bem elaborado que inclui a criação de conteúdo falso ou enganoso, bem como uma estratégia de disseminação para atingir e influenciar um público amplo.

A desinformação se tornou uma das maiores ameaças à democracia e à estabilidade social nos últimos anos. No Brasil, em 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) lançou o Programa de Combate à Desinformação, uma iniciativa pioneira que visa enfrentar os efeitos negativos desse fenômeno. O objetivo principal do programa é garantir que a confiança da população nas instituições democráticas seja preservada, além de proteger os direitos fundamentais.

2024 é o ano das eleições. Ao redor do mundo, mais da metade da população mundial deve votar [1] em, pelo menos, 60 processos eleitorais de diferentes tipos (poderes executivo e legislativo e até em escopo internacional, como foi na União Europeia) [2]. A desinformação continua sendo uma ameaça massiva à boa condução dos processos eleitorais, e, aliada ao rápido desenvolvimento da inteligência artificial generativa (IAG), seus riscos tornam-se potencializados. Neste super-ano eleitoral, o uso da inteligência artificial em campanhas políticas tem sido objeto de debate entre reguladores. Se a decisão de regular o tema tem variado ao redor do mundo, também tem sido diversos os usos da IAG nas campanhas.

Neste primeiro artigo de uma série cobrindo o uso da IA nas eleições de 2024, a Índia nos dá um panorama sobre o assunto.

A desinformação é um dos maiores desafios do nosso tempo, impactando diretamente a sociedade e a democracia. O Observatório Participativo da Desinformação surge como uma iniciativa pioneira para monitorar, analisar e combater a propagação de informações falsas. Esse projeto busca mobilizar a sociedade civil, promovendo a educação midiática e oferecendo ferramentas para a identificação e denúncia de conteúdos enganosos.

A ascensão da internet e das redes sociais revolucionou a forma como nos comunicamos e acessamos informações. A era digital trouxe inúmeros benefícios, como a democratização da informação e a facilidade de comunicação. No entanto, essa revolução também deu origem a um fenômeno preocupante: as campanhas de desinformação online. Essas campanhas são especialmente perniciosas quando visam desestabilizar políticas públicas voltadas para comunidades minoritárias, como LGBQIAP+, negros, mulheres e imigrantes, pondo em risco avanços históricos no campo de Direitos Humanos. Este artigo explora como essas campanhas operam, suas táticas e o impacto devastador que têm.

A implementação de regras sobre IA nas próximas eleições servirá como um grande teste.

Recentemente, o Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo (Universidade de Oxford) divulgou a edição de 2024 de seu Digital News Report, relatório anual que analisa o cenário de consumo de notícias nos meios digitais. Desde 2012, o relatório investiga os hábitos digitais de consumo de notícias de populações em cinco regiões globais, mapeando, entre outros dados, a confiabilidade em notícias, a segmentação dos meios de consumo (websites, redes sociais) e a preferência pelos formatos dos conteúdos (texto, vídeos). [1] Segundo o relatório, o Brasil é o país com maior índice de confiabilidade em notícias. Neste artigo, os resultados desta e doutra pesquisa são combustível para algumas reflexões sobre educação midiática.

A RNCD é uma organização virtual coletiva que agrega projetos já existentes em uma plataforma unificada. Seu foco está na promoção de princípios éticos que beneficiam a coletividade brasileira, especialmente no que diz respeito à disseminação de informações de qualidade. Com uma atuação voltada para combater a desinformação, a RNCD busca unir esforços e criar uma onda contrária ao fluxo de notícias falsas em nosso país.

Recentemente, ecoou com força nas redes sociais a notícia de que o Congresso Nacional teria escolhido não combater as fake news ao manter o veto do ex-presidente Jair Bolsonaro a dispositivo que tratava sobre desinformação no contexto eleitoral. Dado o histórico brasileiro, a notícia, à primeira vista, parece indicar uma vitória para quem não está interessado em combater a desinformação, especialmente quando se tem em conta que 2024 é ano de eleições. No entanto, será mesmo que a confirmação do veto presidencial pelo Congresso significa que aqueles que propagam desinformação saem impunes? E seria a criminalização a melhor via de combate à desinformação?

A TechSoup Brasil convida a todos para a mesa-redonda de lançamento oficial da Hive Mind no Brasil, uma plataforma colaborativa que promete ser um farol na luta contra a desinformação.

A desinformação não é apenas um obstáculo para as sociedades democráticas, mas sim um inimigo que se alimenta das próprias bases da democracia. Ao explorar a liberdade de expressão e a diversidade dos meios de comunicação, a desinformação mina a confiança pública e desafia a integridade do discurso democrático. Este artigo explora as raízes da desinformação nas democracias contemporâneas e seus efeitos corrosivos na confiança pública e no processo democrático.

O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) é uma instituição vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações do Brasil. Seu trabalho está diretamente ligado à meta de popularizar a informação científica e tecnológica, tornando-a acessível para o máximo de pessoas possível.

O papel das redes sociais na proliferação de informações manipuladas já está bem estabelecido. Um aspecto interessante, que talvez precise de mais atenção, é a maneira como a mídia social promoveu a globalização de narrativas falsas, permitindo que ecossistemas de mídia nacionais menores se conectassem a ecossistemas mais significativos, importando e adaptando narrativas para públicos locais.

A desinformação e a má informação sempre tiveram uma dimensão internacional. Em alguns casos, as campanhas de desinformação têm como alvo intencional o público internacional, para apoiar interesses geopolíticos. A "Operação Infektion", a campanha da KGB dos anos 80, tentou convencer o mundo de que o HIV/AIDS era uma invenção dos EUA, para que a URSS pudesse reivindicar uma posição moral mais elevada.

A inteligência artificial está mudando e mudará ainda mais a maneira como vivemos e trabalhamos. Essa simulação de inteligência artificial em máquinas programadas para pensar como os humanos possibilitou que os humanos fossem substituídos por máquinas em alguns campos. Mas o que isso significa no campo da informação e quais podem ser os usos indevidos com os quais devemos nos precaver?

No esforço para combater a desinformação e melhorar a alfabetização midiática, há vários modelos conhecidos para verificar se os artigos de notícias representam fatos e eventos com precisão. No entanto, hoje em dia, uma parte significativa da comunicação é informal, por exemplo, na forma de publicações em mídias sociais. Nesses fóruns informais, a desinformação continua a se espalhar com a ajuda de influenciadores. Portanto, é necessário um novo modelo para analisar esse tipo de conteúdo de mídia